sábado, 31 de dezembro de 2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Popularização do Rádio - Década de 30

Por: Duvivier Góes  e Felippe Bellotti
Edgard Roquete-Pinto, em 1923, quando cria a primeira emissora regular de rádio no Brasil, a Rádio Sociedade do Rio deJaneiro, manifesta que os rumos do novo meio de comunicação devem seguir um projeto educativo cultural, sem fins comerciais com uma programação que excluiria a propaganda e músicas populares.


Naquela época, o modelo de programação mais próximo do que ia pro ar na programação, eram agremiações litero-musicais movidas a palestras e recitais. Durante seus anos de sucesso, a emissora manteve uma programação eminentemente cultural. No entanto, o rádio não estava presente apenas nos lares da alta sociedade, atingia, principalmente, a grande massa popular, que exigia uma programação a quem do seu gosto.
Os populares interagiam com as rádios através de cartas a fim de opinar sobre a programação, fazer pedidos e críticas. No início dos anos 30, o Brasil já possuía 29 emissoras de rádio, transmitindo óperas, músicas textos instrutivos. Mas o povo desejava mais do que isso.

Com a introdução de música popular, entretenimento, programas humorísticos entre outros, a popularização do rádio sofre um "bum" e traz para si o desejo da indústria fonográfica, que começava a investir em novos talentos da música popular e exerce grande pressão a fim de realizar seus interesses. Nesse período o rádio abre espaço para as mulheres na sociedade; exposição devido as figuras (cantoras) que passavam a se apresentar (surgimento do conceito de “fã”).
Grandes ícones da Era do Rádio surgem nesse ponto, tal como Caboclinho, Carmem Miranda, Aracy de Almeida, Noel Rosa entre outros.
Com tanta notoriedade e audiência, em 1º de Março de 1932 passa a ser permitida a publicidade dentro dos meios de radiodifusão, mesmo período em que estreava o "Programa Casé" - Rádio Philips - marco divisor do rádio amador e início de programas bem produzidos.

O Programa Casé (Ademar Casé), com pouco tempo de existência, era o mais ouvido do Rio de Janeiro, pois era no microfone de Casé que passavam os maiores artistas da época. Cantar no Casé era motivo de orgulho, principalmente para quem estava começando. Entre as dezenas de estrelas que por lá passaram vale citar Noel Rosa, Carmem Miranda, Pixiguinha, Emilinha Borba e muitos outros.
Se até então Ademar havia revolucionado o rádio no país, foi na publicidade que Casé fez história, transmitindo o primeiro jingle da publicidade brasileira - Padaria Bragança - .

A rádio e a internet como aliados da música

Por Bruno Almeida e Arley Santos
Desde o final da década de 1990, a indústria fonográfica e os próprios artistas atentam para a atividade de uma nova mídia (ou, como advogam alguns, um novo ambiente por onde novas e tradicionais mídias se convergem): a internet. No início da década de 20 — quando o rádio aqui no Brasil iniciava a sua era de ouro e deixava de ser um meio de comunicação somente de educação, e passava assim a ter uma identidade popular recheada de músicas — começou a se construir um modelo, uma receita perseguida pelos artistas para se alcançar o sucesso, e, igualmente, uma receita seguida pela indústria para se criar um sucesso.

Todo artista para então ser famoso com suas canções, necessariamente teria que passar pelo rádio (que desde sua época de ouro é um instrumento de massa e extremamente ágil na propagação de seu conteúdo). A fórmula consistia basicamente em ter uma canções nos moldes populares, criar uma identidade de ídolo em torno do artista, e, posteriormente, introduzi-lo em programas de televisão, sem, é claro, deixa de mencionar a necessidade de que ele figurasse no topo no ranking das mais tocadas nas emissoras do rádio. Colocada em prática essa receita básica, o resultado era o sucesso pessoal e o lucro para a indústria fonográfica. Confira uma entrevista sobre, Cesar Ladeira, um dos pioneiros na criação dessa receita de sucesso aqui.

Com a chegada da internet, muitos padrões no âmbito comunicacional mudaram, estão mudando e mudarão, e com o rádio não é exceção. A receita de sucesso e de lucro praticada desde o século passado, hoje mostra alguns sinais de 'desgaste' e insuficiência. Um dos maiores exemplos dessa mudança que está em seu início é a ascensão do artista não tendo sua primeira aparição num veículo de massa como o rádio. Um exemplo de relativo de sucesso é a banda carioca “Forfun”, que este ano lança seu terceiro álbum (todos independentes) numa casa de shows em São Paulo, e já tem agenda marcada até o final do ano em vários pontos por todo o Brasil. Toda divulgação do seu projeto foi, e continua sendo, tendo a internet como seu carro chefe. Outro exemplo recente é o clipe com mais de 800 mil visitas no Youtube: “sou foda”, dos Avassaladores. A idéia de fazer um vídeo e postar na internet os popularizou e já rendeu ao grupo uma aparição em tv aberta, no programa da Eliana, uma matéria de capa da revista jovem semanal do jornal O Globo, o de maior circulação do estado, e shows por diversas boates da Barra da Tijuca. Tudo conquistado sem a preciosa ajuda do rádio. Além desses, há inúmeros outros exemplos que surgiram e continuaram a surgir, como o artista francês, de sucesso no Brasil, Nicola Són. Veja aqui. Outro exemplo dessa 'democratização' de conteúdo que não fica restrita às grandes acordos entre gravadoras e emissoras ou jabás, é o "programa de índio", que é um conjunto de programas gravados, agora, acessível pela internet.



O grupo avassaladores conquistou espaço no mainstream por meio da internet


A partir dessa nova possibilidade de ter o trabalho visto, o mainstream começa a se organizar. Nesse novo formato de divulgação de músicas ( a rádio definitivamente atualmente não é o meio mais procurado para se conhecer novos artistas apesar de programas de sucesso como o faro mpb, da mpb fm), outro fenômeno ganha espaço também. Além dos downloads, há a criação de rádios online, aonde toda a programação é mais segmentada, portanto mais exata quanto ao público, e, diferentemente do rádio, não está limitada geograficamente por conta do alcance de suas antenas. O jornalista Ricardo Noblat, um dos pioneiros em jornalismo na web largou na frente e logo criou a sua rádio, confira aqui.



Chico Buarque lançou seu último disco pela internet



Outro atestado de uma nova receita que começa a surgir, é o fato de que todo trabalho lançado por uma grande gravadora, ou tem seu complemento em um site na web, ou é lançado pela mesma. Ultimamente, artistas como a banda Kaiser Chiefs e o cantor Chico Buarque  lançaram seus álbuns pela internet. Este último contou com a pré-venda do álbum pela internet por R$29, com o ouvinte tendo direito a uma senha exclusiva para acessar o site e ver vídeos exclusivos ( o lançamento do CD, da própria casa do autor, se constituiu um sucesso). Marisa Monte lançou no youtube seu mais recente clipe de um CD seu que só será lançado no mês seguinte.

As rádios atualmente contam, em sua maioria, com a transmissão feitas pela internet, e a divulgação de suas promoções, além de serem feitas pelo dial-up, são também distribuídas pelas redes sociais. O que é certo, até então, é o fato de que a internet não suplantará o rádio e nenhum outro meio de comunicação, mas para que possam trabalhar juntos, algumas coisas sendo modificadas, transformando a rádio e a web em aliados para o serviço do público.

Rádio na Internet

Por Wescley Bernardo e Felipe Miranda


"Na Internet, a rádio reúne música, informação e publicidade, ao mesmo tempo em que transmite outros componentes, tais como, programações, animações, imagens estáticas ou em movimento."

Esse trecho do livro Rádio e Internet: Novas perspectivas para um velho meio, explica bem a função do rádio na internet.
As Web rádios (conhecidas também como Rádio Online) transmitem o áudio via internet utilizando a tecnologia Streaming, gerando áudio em tempo real com a programação ao vivo, ou programação já gravada (a maioria das rádios são gravadas).
O fato de existir unicamente na Internet faz com que as pessoas tenham mais possibilidades, sendo mais vantajosa: o utilizador pode desfrutar de vídeos, imagens, notícias, áudio, etc. São estas características que fazem com que a rádio na Internet seja considerada como um novo meio de comunicação que possui uma grande difusão a nível mundial. Este sucesso também se deve ao fato da web rádio ser convertida num meio especialmente visual, pois a forma de atrair um maior público depende em grande parte da qualidade gráfica do site.
Diferente das Web rádios que são disponibilizadas apenas na Internet, as Rádios tradicionais também disponibilizam links para transmissão direto em seus sites na Internet, o que facilita a interação e a influência do ouvinte.

Rádio UOL. A programação é basicamente voltada para música. Também é possível montar as músicas que você gostaria de ouvir.

Na Internet, a rádio encontrou novas formas de interagir com a audiência e de fazer participar. Hoje os ouvintes influenciam na programação facilmente, através das redes sociais e até mesmo de opiniões inseridas no site pertencente à rádio, isso tudo de forma quase instantânea. Na rádio web o ouvinte escolhe e toma decisões nas músicas que quer ouvir, tendo um contato mais efetivo e direto do que no rádio tradicional. Isso também influência a indústria da música, pois a rádio na Internet dissemina mais rapidamente diversos estilos de músicas diferentes.

Com a convergência dos meios de comunicação num só suporte, a rádio online e as rádios tradicionais podem representar um dos diversos canais deste novo meio de comunicação, que se evidencia pelo estímulo à participação dos internautas, fazendo com que estes influenciem na programação com suas opiniões. Isso acaba com a passividade do ouvinte e o torna cada vez mais ativo, mostrando efetivamente o que ele quer ouvir.

Quanto à programação, essas Web rádios tem uma linguagem dramática e uma intensidade na voz, elas são basicamente formadas por música e propaganda (do site onde estão inseridas) e usam uma intensidade com o internauta, através de suas opiniões, das redes sociais, etc.

Convergência: A Globo rádio tem programas de rádio online de emissoras
de televisão. A programação é formada por música e programas.

Concluímos que esta sinergia que as novas tecnologias permitem, modificam a linguagem do rádio atualmente, e que a extensão do rádio para internet acarreta novas transformações nesse "velho" meio de comunicação.
Quer ouvir rádio na internet? O RádioTv Retrô indica uma lista de rádios na internet, confira:
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As diferentes faces do FM

Renan Crespo e Igor Souza

A freqüência modulada – ou FM – nasceu nos anos XX nos Estados Unidos e usa entre a faixa 87,5 até a 108 Mhz. Com uma qualidade de som superior à AM, esta frequência passou a ser bastante utilizada, principalmente após a chegada dos celulares que, em sua maioria, sintonizam apenas o FM. Sendo a principal fonte de ouvintes de rádio, ela apresenta uma infinita variedade de programações e estilos e aqui faremos um paralelo entre algumas delas.


Oi FM 102.9 (Ouça!
A rádio Oi FM é uma rede de rádio que toca diversos gêneros musicais, nacionais e internacionais, com um foco em músicas mais culturais. É uma rádio interativa que usa bem as novas mídias, um exemplo é o aplicativo no iPhone e no iPod Touch. É uma estação ouvida, na maior parte, por um público adulto pela boa mistura musical e cultural.

SulAmérica Paradiso 95.7 (Ouça!
A rádio SulAmérica Paradiso traz informação de qualidade, inteligência e sofisticação. Com trajetória intimamente ligada ao Rio, marcada pelo apoio aos grandes eventos, à cultura e ações que valorizam a cidade, a rádio volta toda a sua comunicação para o carioca. A Paradiso entra novamente no mercado mesclando um conceito de modernidade e sofisticação. É a rádio de maior afinidade com ouvintes da classe A do Rio de Janeiro.


O FM se caracteriza por uma linguagem mais direta e objetiva, na tentativa buscar o ouvinte pelo momento, pela instanteneidade, diferentemente da AM, que usa uma linguagem mais próxima. Devido a isso, o FM tem mais dificuldades em criar um vinculo forte com seu público, afinal é bastante comum navegar entre as diferentes estações disponíveis a procura de algo que agrade naquele momento específico. Mas mesmo assim, algumas estações conseguem ter ouvintes fiéis, devido a segmentação da sua programação, procurando ter um estilo musical ou uma característica única, atendendo exclusivamente a um certo público.


Rádio Globo 89.5 (Ouça!
A rádio Globo segue uma linha diferente da maioria. Religião, notícia, entretenimento e humor trazem uma grande variedade na programação da estação. Com uma linguagem mais voltada para o grande público e com programas tradicionais que estão no ar a muito tempo, a radio Globo conquistou muitos ouvintes fixos e fiéis. A estação também é uma das poucas que transmitem jogos futebol no FM, dando mais uma característica diferenciada das demais.

Mix FM 102.1 (Ouça!
Voltada para o público jovem, a radio Mix tem a musica como sua principal característica. Tocando os artistas presentes no mainstream mundial, a estação tem uma linguagem bem descontraída. Contanto com jogos e muito humor, a Mix aproxima o ouvinte de sua programação, buscando a participação do mesmo quase em todos os programas. Distribuindo prêmio, tocando as musicas mais ouvidas e mantendo um clima de alegria, a rádio é bastante popular no Rio de Janeiro.

Radio MEC 98.9 (Ouça!
A rádio MEC é bastante clássica. Desde sua linguagem até sua música, a estação atende um público bem segmentado que procura uma programação diferente das demais rádios. Com programas de notícia, musica e cultura, a rádio MEC é uma saída do mainstream tão presente nas demais estações, voltando toda sua programação musical para os clássicos de antigamente.


A freqüência FM é um espaço completamente democrático e variado, dando opções para quase todos os tipos de gostos ou estilos. Usando a musica como principal elemento, a programação das rádios variam com programas de variedades, informativos e entretenimento, sempre buscando a troca de informações com o público, distribuindo prêmios ou fazendo do ouvinte um agente ativo na escolha da sua programação. É claro que existem algumas estações voltadas para um assunto em específico, seja uma rádio completamente jornalística ou que atenda apenas um único tipo de estilo musical.


CBN 92.5 (Ouça!
A Rádio CBN foi uma das pioneiras no estilo "all news" no Brasil. Com uma programação voltada exclusivamente para o jornalismo, a radio revesa entre noticiarios regionais e nacionais durante a semana, deixando o ouvinte 24 horas por dia atualizado. Nos fins de semana a CBN abre espaço para alguns programas de comportamento e cultura, mas nunca saindo de sua linha informativa. Com uma linguagem séria e direta, o reporter e a notícia são o sempre os principais personagens.

MPB FM 90.3 (Ouça!
A MPB FM é a única rádio carioca voltada exclusivamente para a musica nacional. Com uma programação quase toda musical, a estação tem poucos programas jornalísticos, se limitando a duas edições de um jornal rápido que traz as principais noticias do dia e informações sobre o trânsito. Voltada para um publico mais específico, a MPB FM apresenta muitos programas culturais e de comportamento em sua programação semanal e também investe no feedback dos seus ouvintes, com a interação via internet sempre presente. A rádio tem um clima mais descontraído e leve, com programas longos com muita musica e pouca locução.

Rede Aleluia 105.1 (Ouça!
A programação da Rede Aleluia é composta por canções selecionadas e flashbacks que marcaram época. Além de melodias instrumentais, informações jornalísticas e orientações diluídas na programação musical. A emissora leva aos ouvintes orientações de saúde, beleza e cultura. A Rede Aleluia está espalhada por quase todo território nacional, atingindo grande parte da população cristã.


Hoje, o rádio se renovou. Voltou a ganhar força com a chegada de aparelhos eletrônicos e começa a utilizar muito bem os recursos da internet estando constantemente em sintonia com seu ouvinte, recebendo o feedback de seu público e sempre buscando melhorar. Volta a ser um dos meios de informação e entretenimento mais utilizados pela população, mudando e se adaptando às novidades oferecidas pela era da convergência e da tecnologia.


FM O dia 100.5 (Ouça!)
A rádio FM O dia é líder entre as rádios cariocas. Com uma programação voltada para a massa, veicula gêneros musicais populares e variados como samba, axé music, pop, hip hop, pagode e funk. A maioria dos ouvintes da emissora são moradores da zona norte do Rio e da Baixada Fluminense. Com uso de linguagem simples e coloquial a rádio se adapta ao seu público-alvo, usando gírias de forma bem apropriada.

Nativa FM 103.7 (Ouça!
A rádio Nativa FM é uma emissora tipicamente musical do segmento popular. Com uma programação popular de sucessos em gêneros variados, a Nativa toca da música romântica ao funk. A massa é o alvo da rádio e, baseado no linguajar do seu público, cria a própria linguagem e imagem através de eventos e promoções para atrair o ouvinte. A maioria dos ouvintes são jovens e adultos do sexo masculino que pertencem à classe C. 


Portanto, observando esta pequena comparação entre os estilos, linguagens e públicos das estações do FM, é possível notar a infinidade de opções a sua disposição. Seja no carro, no celular, na internet ou no aparelho de som, as estações FM tentam oferecer os mais variados tipos de conteúdo na disputa pelo ouvinte.

Rádio pirata e o processo de democratização das emissoras de rádio

por Marianna Gomes

A expressão "Rádio Pirata" foi usada pela primeira vez no início dos anos 60 e usada para denominar irradiações em FM de uma estação transmissora instalada em navios que embora estivesse na costa britânica, estavam fora do controle de milhas marítimas e consequentemente fora do controle do governo.
Criada por jovens que não aceitavam o monopólio estatal e não aguentavam mais ter que ouvir as programações das emissoras controladas pelo governo, em pouco tempo a emissora marítimas foi considerada ilegal e combatida pelo governo britânico. A programação musical da emissora pirata era baseada nas canções do movimento de contra cultura que não tinham espaço nas emissoras oficiais e eram vetadas pela programação conservadora da cultura inglesa.
Para combatê-la o governo inglês ampliou seu domínio sobre as milhas marítimas. E quando apreendida, desencadeou a reação da juventude inglesa dando origem a outras centenas de emissoras de rádio sem a permissão do governo no próprio território inglês esse movimento passou a se chamar de rádios livres, mesmo porque o termo pirata não cabia mais na identificação daquela atividade. As Rádio Livres passaram para o território francês, depois para o italiano, para o alemão e seguiram acompanhando o desenvolvimento tecnológico da comunicação pelo mundo. Nos EUA as rádios livres existem desde a década de sessenta nos EUA e lá foram atendidas pelo estado norte-americana que reserva uma parte do Dial para esse tipo de manifestação. Não existem nem concessões e nem permissões para o funcionamento dessas emissoras, apenas regras técnicas para protegê-las do interesse do grande capital. Quem controla essas emissoras é a própria população que pode solicitar seu fechamento. O termo Pirata deixou de ser aplicado especificamente para as irradiações ilegais que transmitem do mar para a terra e passou a designar qualquer emissora de rádio que funcione sem o aval do governo. Posteriormente, o termo pirata passou a ser usado como pejorativo de tudo quanto é ilegal pelos proprietários das grandes emissoras e pela industria de produção cultural para identificar cópias ilegais de seus produtos em música,cinema e vídeo.
No Brasil, a ditadura militar preocupada com o uso de emissoras de rádio clandestinas por forças de esquerda criou em 1967 o decreto 236 artigo 70 que complementa a Lei 4.117 de 1962. Porém a esquerda brasileira nunca usou de meio de comunicação eletro magnético clandestino para propagar suas ideias, o decreto acabou servindo para punir responsáveis por projetos de comunicação de baixa potência até hoje. O movimento Rádio Livre no Brasil surgiu antes da criação das rádios comunitárias e as questões que as diferenciam estão ligadas ao desejo de posse, de propriedade, na preocupação com o conteúdo e também na interpretação do Estado de Direito que pode amparar uma e outra. A rádio livre se apoia na Liberdade de Expressão e só pode agir como tal em um regime democrático baseando-se nas Garantias e Direitos Individuais como premia a Constituição de 1988. A questão que impulsiona a prática de rádio livre está ligada ao conflito com o monopólio da industria cultural fonográfica, cinematográfica, informativa e editorial. Por esse motivo a rádio livre não pode ser compreendida na formação de rede de poder ainda que o conjunto delas, respeitadas suas diferenças, podem se relacionar no que é objetivo e conceitual. A rádio livre rompe com o bloqueio, com a condução e com a exploração do intermediário entre o regional e o nacional e entre esse e o internacional. A dinâmica proporcionada pelo seu exercício amplia constantemente o universo da compreensão e os desejos e necessidades que levam grupos e indivíduos a se expressarem por um meio de comunicação, não podendo, portanto, se enquadrarem em controles e normas conceituais. É por isso que seu ponto de apoio é a liberdade de expressão que não devem ser controladas por organizações representativas.
Já com as Rádio Comunitárias há a preocupação com a conquista da posse e da propriedade do meio que as incluam nas atuais regras e normas das Leis de Comunicações. Por esse motivo os interessados nas rádios comunitárias buscam se organizar em grupos distintos, segundo os seus interesses políticos ou econômicos. É por esse motivo que as rádios comunitárias fazem parte de redes pertencendo ao campo ideológico de organizações religiosas, seitas, partidos políticos e, ainda, de pequenos e médios empresários excluídos da área de influência para obtenção de concessão dos tradicionais meios de comunicação eletromagnéticos. As organizações que congregam esses interessados procuram se representar em projetos que oficializem suas atividades através de parlamentares. Essa relação é pautada na troca voto/aprovação ou influência política.







Gêneros Radiofônicos - Rádio AM

Por Kelly Schrippe

“Na história do rádio, às vezes o Gênero criou o Público Alvo e em outras vezes o Público Alvo determinou o aparecimento de um Gênero de programação.”
Lourenço Mika


AM ou Modulação em Amplitude foi por oitenta anos o principal método de transmissão através do rádio. E quando pensamos em “Rádio AM” logo imaginamos algo ultrapassado, com som sem qualidade e uma programação direcionada a idosos.  No quesito qualidade de som comparada a transmissão de uma estação FM, por exemplo, pode não ser das melhores, porém, ainda sim sobrevive por outros motivos que segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública (IBOPE), trata-se muito mais de uma característica do público das estações AM - que nada tem haver com idade – e pelo tipo de programação, ou tecnicamente falando, pelo gênero radiofônico implantado pelo veículo de comunicação do que da propagação do áudio.
Assim, o gênero radiofônico visa atender um tipo específico de expectativa dos ouvintes e cada gênero foi criando o seu próprio formato em vista do seu público alvo. Aqui destaco apenas três dos principais gêneros: o informativo/jormalístico, o comercial/publicitário e o educativo-cultural.
GÊNERO JORNALÍSTICO/INFORMATIVO
É aquele em que o rádio busca levar ao ouvinte a informação da forma mais atualizada e abrangente. Utilizando diversos formatos como: Reportagem, Entrevista, Nota, Boletim, Debate,  Crônica, Documentário, Esportivo, Radiojornal.
GÊNERO PUBLICITÁRIO OU COMERCIAL
É aquele com uma programação que tenta seduzir, convencer, vender uma idéia ou produto. Seus formatos mais usados são: Jingle, BG, Assinatura, Vinheta, Spot e Testemunhal.
GÊNERO EDUCATIVO CULTURAL
Destina-se, à transmissão de conteúdos educacionais e culturais, sendo os seus principais formatos: Documentário educativo-cultural: “Rádio Escola”, do MEC, Audiobiografia: concentra em discutir a vida e obra de uma personalidade e Temático: voltado para a discussão do conhecimento de uma área ou tema específico.



“O radiouvinte escolhe o que ele quer ouvir. É normal e natural que um artesão escute futebol, que o empresário escute o noticiário econômico...” Lourenço Mika

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Era de ouro do Rádio

Por Laryssa Alves


A Era de Ouro do Rádio começou em 1940. Nessa época, a rádio já estava consolidada  e as pessoas tinham um verdadeiro fascínio por ela. As emissoras eram riquíssimas e com isso, deram início a formação da indústria cultural no Brasil. Ou seja, a rádio se tornou um mito e assim movimentava diversas indústrias, desde a moda até a propaganda do sabonete. Como a rádio passou a ser  um fábrica de mitos, refletindo sempre o imaginário e os desejos coletivos, as pessoas sonhavam em ter  o vestido da Princesa Diana, a casa do Michael Jackson, entre outros sonhos. A idéia do artista ser rico surgiu com a comunicação massiva que as empresas faziam, porque antes o artista era uma pessoa fracassada, sem rumo na vida. A comunicação de massa veio para legitimar os artistas e os músicos.
Um dos maiores exemplos da rádio naquela época foi a Rádio Nacional, essência do rádio no Brasil, liderando audiência desde a sua fundação até 1960, quando teve início o seu declínio. A Rádio Nacional foi “roubada” e se tornou instrumento político e ideológico. Getúlio Vargas, presidente na época, transformou a rádio em uma repartição pública. Ele burocratizou  a rádio para começar a censura. O ícone da comunicação era o Rádio e com a chegada da TV em 1950, ele foi deixado um pouco de lado e os artistas, as propagandas, entre outros, migraram para a nova mídia.
Enfim,não existiu uma decadência do rádio, pois ele continua vivo até  hoje. O que acontece é que não se ouve rádio como antigamente, hoje as pessoas ouvem o rádio fora de casa e não utilizam mais para informação e sim para o entretenimento. 

Vídeo de um breve resumo da Era de Ouro do Rádio

  • Principais programas e cantores da época


Carmen Miranda – sua carreira artística percorreu o Brasil e Estados Unidos. Ela trabalhou no rádio, no teatro, na revista no cinema e na televisão. O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim" ("Taí") de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O País como "a maior cantora brasileira". Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga . Em dezembro de 1936, Carmem deixou a Mayrink Veiga e assinou com a Tupi.




 Emilinha Borba - Os concursos populares, que servem como termômetro de popularidade do artista, sempre foram constantes e as pesquisas realizadas, na fase áurea do rádio, 99,9% deram vitória a Emilinha Borba, tornando-a a artista brasileira que possivelmente possuiu mais títulos, troféus, faixas e coroas.O simples anúncio de sua presença em qualquer cidade ou lugarejo do país, era feriado local e Emilinha simbolicamente recebia as chaves da cidade e desfilava em carro aberto pelas principais ruas e avenidas sendo aplaudida, ovacionada e acarinhada pelos habitantes e autoridades da localidade.

Emilinha Borba no Programa de Cesar Alencar
http://www.locutor.info/audioEradeOuro/RadioEmilinhaBorba.mp3



 Aracy de Almeida- Cantava samba, mas era apreciadora de música clássica e se interessava por leituras de psicanálise. Os que conviviam com ela, na intimidade ou profissionalmente, a viam como uma mulher  esclarecida. Tratada por amigos pelo apelido de "Araca", Noel Rosa disse que  Aracy de Almeida é, na  sua opinião, a pessoa que interpreta com exatidão o que ele produz.




 Ademar Casé - Pioneiro do rádio, criou o Programa Casé, primeiro programa de rádio comercial do Brasil, iniciando suas transmissões em 14 de fevereiro de 1932. Nas décadas de 1930 e 40, Ademar Casé revolucionou o rádio do Brasil, sendo o primeiro a pagar cachê aos artistas e fazer um contrato de exclusividade. No início de carreira vendeu rádio de porta em porta e em seguida fez o primeiro jingle “Pão Bragança”, onde veio o sucesso estrondoso.




Voz do Brasil - A Voz do Brasil é um noticiário radiofônico público, que vai ao ar diariamente em praticamente todas as emissoras de rádio aberto do Brasil.. O programa faz parte da história de radiodifusão brasileira, além de ser o  mais antigo do rádio.


Programa A Voz do Brasil



 Repórter Esso - O programa radiofônico trouxe para o radiojornalismo brasileiro uma novidade. A informação por ele divulgada não era apenas notícia, mas se constituía, também, em informação dirigida, em propaganda político-ideológica, produzindo e construindo sentido e com alvo certo: o governo e determinados segmentos da sociedade brasileira. Foi o primeiro noticiário do Brasil que não se limitava a ler as notícias recortadas dos jornais, pois as matérias eram enviadas por uma agência internacional de notícias sob o controle dos Estados Unidos da América.

Repórter Esso



Rádio Nacional - A Rádio Nacional foi a primeira emissora do Brasil a organizar uma redação própria para noticiários, com a rotina de um grande jornal diário impresso. A emissora da Praça Mauá  construiu uma divisão de radiojornalismo com mais de uma dezena de redatores, secretários de redação, rádio - repórteres, informantes e outros auxiliares, além de uma sessão de divulgação, sessão de esportes completa e um boletim de notícias em idioma estrangeiro, que cobria todo o continente.

Rádio Nacional


Rádio Nacional (vinhetas)




Programa PRK 30 - Pela poderosa onda da Rádio Nacional do Rio de Janeiro chegava um programa chamado PRK-30, transmitido a todos os lares brasileiros. Era apresentado pelos humoristas Lauro Borges e Castro Barbosa, que nos alegrava. Os dois humoristas faziam mais de 20 tipos: imitavam correspondente internacional, calouros, cantores, contavam piadas, notícias e faziam trocadilhos.


PRK 30 



Balança mas não cai - Balança Mas Não Cai estreou em 1950 na Rádio Nacional. O programa era ancorado por Wilton Franco. Ele apresentava os quadros humorísticos, supostamente passados nos apartamentos de um edifício residencial fictício, onde moravam os personagens.

 Balança mas não cai



  • Fontes




A Era de Ouro do Rádio e suas Influências.

“A Era de Ouro do Rádio é uma Era Romântica.” É com essa frase quase poética que Ricardo de Hollanda, Professor e Coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Gama Filho, dá inicio a entrevista sobre a influência da Era de Ouro do Rádio nas gerações que a vivenciaram. Para que possamos entender as mudanças significativas do rádio para os meios de comunicação, é preciso realizar uma pequena retrospectiva desde o seu surgimento até sua chamada Era de Ouro.

Os dois vídeos abaixo explicam de forma fácil e resumida toda essa trajetória:








Antes de finalmente discutirmos a influência,é preciso que tenhamos consciência de até a década de 20,o único meio de comunicação difundido era o impresso,mas após a chegada do rádio essa situação se modificou:

-É preciso entender que
o Rádio foi por muitos anos o meio de comunicação mais utilizado por muitas famílias,que se reuniam em suas salas, o local onde os aparelhos estavam localizados.Por isso,a Era de Ouro do rádio representou uma forma de convivência da família. - conta Ricardo.





Aqui no Brasil a rádio mais ouvida,ou seja,que possuía o maior ibope era a Rádio Nacional,que realizava suas transmissões com auditórios,o que fez com que seus artistas se tornassem ídolos nacionais.O impacto disso na vida das pessoas que vivenciavam a época foi tão grande que as "Macacas de Auditório",como eram conhecidas as fãs mais ardentes que compareciam com frequência nos auditórios,chegavam muitas vezes a brigar por suas musas,Marlene e Emilinha Borba.

O vídeo abaixo e uma espécie de videoclipe da música "Tomara que Chova" de Emilinha Borba:



Foi a cantora que muitas vezes levou a ouvinte Áurea de Mello,na época com apenas 16 anos,ao auditório da Rádio Nacional:


-Eu ia sempre assistir o programa do Paulo Gracindo,porque ele costumava levar a Emilinha,e naquela época eu gostava mais dela do que da Marlene.Aonde a Emilinha estava eu ia vê-la.As vezes eu ia na Rádio Nacional,as vezes na Mayrink Veiga. - conta a ouvinte antiga.


Além dessas memorias,ela conta que haviam também shows em cinemas dos bairros,nos quais caravanas se organizavam para comparecer.Para geração da época esses eram acontecimentos muitos importantes:

-Naquela época a gente só possuía o rádio e livros para se distrair,como o rádio oferecia uma interação maior do que os livros,todos os jovens gostavam mais de acompanhar os artistas,as radionovelas e só depois na década de 1960 que a televisão começou a se popularizar,que nós o deixamos um pouco de lado. - relata Áurea.




Todos esses fatores,tornaram o rádio um meio de grande influência entre as gerações que vivenciaram a Era de Ouro.Sua influência não parou por ai,as Rádionovelas tão populares na época foram as responsáveis por popularizar ainda mais os artistas,e tornaram cada vez mais fiel seu público:

-A influência do rádio era tão grande,mais tão grande que os artistas de Rádionovelas,migraram para a TV e levaram com eles a linguagem radiofônica. - declara o Professor Ricardo.
Devemos sempre ter em mente que os meios de comunicação,jamais teriam a importância que tem,se não fosse o rádio,que abriu portas para o imaginário popular.


Vanessa Rocha e Vanessa Guimarães.

A geração Podcast e a convergência das mídias

Podcast é um tipo de programação de rádio gravada para a Internet, em que o ouvinte baixa “episódios” e pode ouvir a hora que quiser! Seja no celular, MP3 ou qualquer tocador de multimídia. Se trata de uma modalidade de radiodifusão sob demanda que se popularizou em 2004, quando começou a ser possível abrir emissoras de rádio via Internet gratuitamente.


Para se ter acesso a um Podcast, o internauta precisa se cadastrar num endereço eletrônico, instalar programas agregadores e de leitura de arquivos digitais de áudio, buscar por Podcasts de sua preferência e, a partir daí, começar a baixar os programas em seu computador. Neles, é possível se encontrar uma mescla de locuções, efeitos sonoros, trilha, análises, palestras e debates de assuntos que tem um tema diferente a cada episódio.

O sucesso dessa nova demanda radiofônica se dá à ausência de regras rígidas e ao fato de não ter padrões de locuções ou restrições em termos de linguagem e temas abordados.

Existem mais de 200 gêneros de Podcasts entre debates políticos, contracultura, serviços religiosos, assuntos governamentais, humor e os mais comuns como rock, eletronic/dance e o alternativo.


Tenho aqui um exemplo dessa geração, que consome e produz esse tipo de linguagem e se propôs a esclarecer melhor alguns tópicos. Eu, Camila Romão, entrevistei Brunno costa, dono do site http://www.podcastinboteco.com/ e um dos participantes do podcast sobre carros no Paranerdia (http://paranerdia.com.br/podcast/paranerdia-35-os-carros-mais-famosos-do-cinema).





Assunto: Podcast (Nerdcast*)
*Nerdcast é o podcast do site Jovem nerd (http://jovemnerd.ig.com.br/).







Como você descobriu o podcast?
Como a maioria descobre: Indicação de amigo.


Desde quando você escuta esse tipo de programa de rádio?
Desde 2009, quando conheci o Jovem nerd. Mas, se contar rádio mesmo, eu ouço desde 1998.


Qual é a utilidade de podcasts para você?
Passatempo; entretenimento e cultura de um nicho específico.


Por qual ferramenta você baixa os podcasts?
Itunes


Como se faz para produzir um?
A produção é trabalhosa, mas divertida – claro se for de um tema do seu agrado!
Normalmente quando se planeja a gravação do podcast, você escolhe o tema e já pensa nos convidados que conhecem bem sobre aquele assunto.
Não se grava sozinho. Você pode até bolar tudo sozinho, mas sem a presença dos convidados que saibam sobre o assunto ou que vão só pra zoar, não tem graça.


Aonde se grava?
Grava-se de onde estiver. Eu já gravei direto do iphone.
Cada participante grava da sua casa ou estúdio, ao mesmo tempo (via skipe) e o host (normalmente é o dono do site e quem comanda o ‘show’) organiza a conversa, faz a edição tirando excessos, incluindo efeitos sonoros e trilhas musicais.


Qual ferramenta você usa para divulgar seus trabalhos?
O twitter que divulga mais rápido e pra mais gente; O twitter atinge mais gente em 15 segundos do que o facebook em 2 horas.
O twitter hoje é o porta-voz dos blogueiros e podscasters!



Considerações finais:

Embora os Podcasts ainda não representem uma fração do mercado, já faz parte de um processo de transformação na mídia sonora, mudando os circuitos de produção, veiculação e consumo da música e da informação radiofônica. São as novas formas de entretenimento e consumo de informações na era da convergência das mídias.


Referência bibliográfica: Especularização Contemporânea. A "geração podcasting" e os novos usos do rádio na sociedade do espetáculo e do entretenimento, HERSCHMANN, Micael e KISCHINHEVSKY, Marcelo.




Camila Romão




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